domingo, 9 de outubro de 2011

Entrevista com o Cantor, Compositor, Instrumentista e Educador Infantil Luiz Alberto Machado




1)Como será seu contato com os alagoanos na Bienal Internacional do Livro/2011? O que traz na mala?

Simone, prazer enorme estar aqui nesse seu maravilhoso espaço. Obrigado antecipadamente.
Pois bem, na Bienal, atendendo convite da minha amiga bibliotecária Maria Luisa Russo, realizarei uma série de atividades.
Primeiro, no dia 24 de outubro, a partir das 10hs, estarei na sala Ledo Ivo, realizando uma oficina sobre a temática “Brincar para aprender”, destinado aos professores de Educação Infantil e primeiro ciclo do Ensino Fundamental.
Em seguida, ainda em dia a ser confirmado na programação, lançarei os meus livros infantis “Nitolino no Reino Encantado de Todas as Coisas” e a segunda edição de “O lobisomem Zonzo”.
Também distribuirei a edição de outubro do meu zine Tataritaritatá anunciando as atividades do Circo Itinerante Brincarte, o meu cantarau (cantoria + sarau) Tataritaritatá, o meu Guia de Poesia que edito no Rio de Janeiro, os clipes das minhas músicas do YouTube e outras atividades desenvolvidas pelas Edições Nascente, bem como das atividades dos meus blogs na minha home page http://www.luizalbertomachado.com.br/ .
Além disso, em dias ainda a se confirmarem, realizarei contações de histórias baseadas nos meus livros infantis e participarei de recitais com meu folheto de cordel Tataritaritatá e outras movimentações no estande da Biblioteca Pública.

2)As crianças de hoje, não tem mais tempo e nem oportunidades para o lúdico. O Sr. tem filhos? Como vê isso, hoje?

Sim, tenho uma filha, uma bebê de 35 anos de idade.
A vida me privou o segundo filho que se foi aos 6 anos de idade, vítima de leucemia mieloidal.
Afora isso, apesar de cinqüentão, me mantenho uma criança que incorporei no meu personagem infantil Nitolino e que, por isso, me mantenho publicando livros para esse público.
Muito apropriada essa sua colocação.
Infelizmente as crianças hoje vivem trancadas nos apartamentos e casas, jogadas diante da televisão, sem a devida atenção dos pais e reclusas sem poder brincar de verdade, porque as brincadeiras remetem à realidade da televisão e do mundo de hoje.
A culpa não é da televisão. Infelizmente os pais, pela necessidade da sobrevivência, negligenciam a vida dos filhos.
Tenho experienciado com meu espetáculo infantil e com recreações educativas que realizo em escolas, associações, teatros e outros espaços, que as crianças adoram brincar comigo, cantando minhas canções e as folclóricas, pulando frevo e viajando nas minhas invencionices literárias.
De fato, eu me delicio muito nas brincadeiras com as crianças. Mas a realidade é bem diferente. Tive oportunidade de chegar numa escola pública de Maceió e constatar que as crianças não conheciam nenhuma das frutas (laranja, banana, manga, pitanga, pitomba, entre outras) que eu mencionava nas minhas narrações. Apenas acompanhavam meus relatos com os olhos vidrados. Elas nunca viram nenhuma dessas frutas, como não conheciam muitas coisas que eu mencionava na historieta.
Por aí você tira a realidade da tragédia.

3)Como é se "auto-enlouquecer"?

Hehehehehehehe!!!!
Essa expressão é de um personagem meu que é um eterno candidato a tudo que aparece, só que na hora errada: é candidato a prefeito no pleito presidencial e vice-e-versa.
É um sujeito adiantado que só, trata-se do Doro (personagem inspirado no meu amigo artista plástico e ator Rolandry Silvério).
Ele participa ativamente do Festival de Cagadas Melando o País (Fecamepa) que eu reproduzo no meu blog Tataritaritatá, contando os 500 e tantos anos das mazelas brasileiras.
Ele é um autêntico Fabo (leia-se Fabo mesmo, fabricante de bosta) e com uma trupe ineivada, faz das suas no Big Shit Bôbras (o verdadeiro BBB) e larga suas trelas ao lado de outros personagens como o Biritoaldo, Zé-Corninho, Rolivânio, Penisvaldo, Zé-Bilola, entre outros, devidamente acompanhado de suas consortes, como a Ximênia (a prinspa do Coité), Vera Indignada e um rol de musas e mocréias.
Esse personagem depois de cometer um bocado de asneira (que muitos julgam bem apropriadas), sai com essa: eu me auto-enlouqueço-me. Ou, se referindo a outra pessoa: ela se auto-elouqueceu-se. Hehehehehe.
Ele comete anualmente a asneira de publicar suas previsões para todos os signos, até de como o ano vindouro vai transcorrer, acompanhado de simpatias que prometem riqueza de uma hora para outra, arrumar namorado capa de revista e outras doidices despropositais. Dizem, alguns, que ele acerta tudo na batata!
É também o autor da receita do milagroso Mingau de Cachorro, a salvação da macharia (dizem que é melhor que Viagra e todos os remédios para impotência masculina).
Mas respondendo melhor a sua pergunta, tem um poeta amigo meu conterrâneo, Juarez Correya, que é autor de um livro que sintetiza bem esse auto-enlouquecimento: “Um doido e a maldição da lucidez”.
É, portanto, uma interpretação canhestra da pós-modernidade: se algo é, é. Ou não, talvez. Caetaneando assim. E se a vida é dúvida, não há mais espaço para certezas. Então, necessitamos de auto-enlouquecimentos para que possamos ser realmente humanos nesse tempo de dias tão loucos.

4)No começo de seu blog, tem um "auto-retrato": "falo feito homem da cobre e escrevo feito escrivão de polícia". A sua Professora do primário é responsável por isso ou a coisa veio fluindo naturalmente?

Verdade. Minha professora do primário é a responsável por tudo isso: Hilda Galindo Correia. Não fosse ela, nunca que me meteria a ser poeta. Além de ser a professora competente que sempre foi ela era lindamente maravilhosa encantando minha infância e, pela paixão desmesurada, me fez ler bastante para que todo dia eu pudesse depositar aos seus olhos uma quadrinha inventada do meu coração enamorado. Ela, então, fez publicar todas as minhas quadrinhas feitas para ela no suplemento infantil do Diário de Pernambuco, o Junior. Isso na década de 1960.
No ginasial outra professora me levou ainda mais para os livros: Jessiva Sabino de Oliveira. Uma candura de gente! E no segundo grau, isso no início da década de 70, eu lá pelos 12 ou 13 anos, encontrei outra professora que muito me inspirou a cometer poemas: Inalda Cavalcante.
Fica patenteado que as professoras são responsáveis pela minha veia artística.
Foi daí que virei, verdadeiramente, mais falante que o homem da cobra. Para quem não sabe, trata-se daquele camelô que se encostava na frente do estabelecimento comercial mais movimentado no meio da feira das províncias e vendia brebotes de raízes curandeiras, cachetes, bisnagas, raiz-de-pau, essas coisas de curar tudo. O cara começava às 7h da manhã até às 18h ou 19h sem ficar rouco ou cansado. Verdadeiro Silvio Santos.
Por outro lado, aos 10 anos de idade, já com um bigodinho ralo embaixo da venta, inventei de ser homem precoce e chamei meu pai na grande:
- Quero trabalhar! Aí ele nem pestanejou e me empregou como copista num cartório de notas. Transcrevia o registro de sentença no tomo apropriado, o que me enriqueceu o vocabulário e me fez um dedógrafo ágil na máquina de datilografia ao tirar cópia da lavratura. Daí virei maníaco de escrever mais que escrivão de polícia.

5)Você trará o Nitolino para a Bienal? Qual a diferença do Luiz Alberto Machado com/sem a roupa do personagem?

O Luiz Alberto Machado é apenas um pesquisador que vive de expor por meio do teatro, da música e da literatura o resultado de suas pesquisas.
O Nitolino é um personagem nascido na minha convivência infantil com meus familiares, que por meio do teatro, da música e da literatura tenta contar histórias, cantar e viajar pelo imaginário infantil, levando no meio dessas narrativas, temas complicados para a infância como ética, cidadania, multiculturalidade, saúde e meio ambiente, bem como o respeito às diferenças.

6)Você chegou a conhecer um cantor de Palmares/PE, chamado Lulica?

Sim, claro. Conheci Lulika por volta de 1976 quando promovi a IV Feira de Música dos Palmares. Ele atuou como músico na interpretação do Mazinho (Jucimar) que tirou o primeiro lugar.
Também já tocamos juntos na primeira versão do meu show “Por um novo dia”, isso no início dos anos 1980.
Tentamos até fazer uma parceria musical juntos, mas nunca nem começamos direito nem concluímos.
Da última vez que nos encontramos foi depois da minha apresentação na abertura da Noite Alagoana dos Palmarenses, há uns dois anos atrás, no Bungavilia, aqui em Maceió.
Gente boa.

7)Diz aí para nossos leitores,a sua programação na Bienal Internacional do livro/2011 de Alagoas:

Estarei todos os dias por lá. E como mencionei anteriormente, estarei primeiro, no dia 24 de outubro, a partir das 10h, na sala Ledo Ivo, realizando uma oficina sobre a temática “Brincar para aprender”, destinado aos professores de Educação Infantil e primeiro ciclo do Ensino Fundamental. Em seguida, lançarei os meus livros infantis “Nitolino no Reino Encantado de Todas as Coisas” e a segunda edição de “O lobisomem Zonzo”. E, ainda, em dias a se confirmarem, realizarei contações de histórias baseadas nos meus livros infantis e participarei de recitais com meu folheto de cordel Tataritaritatá e outras movimentações no estande da Biblioteca Pública.
Quero agradecer a você pela oportunidade de marcar presença no seu maravilhoso blog, manifestando a honra de estar aqui. Obrigado, beijabrações.



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