sábado, 23 de maio de 2015

Aluno de ontem X Aluno atual, por Rogério Amaral Souza

                                                                    


                                 ALUNO DE ONTEM X ALUNO ATUAL
                                                   Por Rogério Amaral Souza


Por ser um problema de ordem social, não podemos reservar a estrutura escolar como um elemento influenciador nas questões indisciplinares. De fato, a educação exerce influências, no entanto, o indivíduo já inicia a vida escolar com uma bagagem de conhecimentos adquiridos no seio familiar e esse tipo de conhecimento pode trazer alguma dificuldade para o aluno de relacionar um novo conhecimento adquirido com aquele que já possui. Percebemos, nesse contexto, que as instituições escola e família estão intimamente relacionadas com a formação do aluno, futuro cidadão e constituinte da sociedade. Segundo Meirieu (2008), mais do que nunca, o desafio é: a sociedade deve ser feita pela escola e não a escola pela sociedade. Numa visão histórica, podemos perceber que o desempenho do aluno, levando-o ao sucesso ou fracasso escolar, está ligado, complexamente, ao seu envolvimento com o ambiente social em que está inserido. Nessa relação, a estrutura familiar, como instituição social mais intimamente ligada ao indivíduo, é transmissora de valores morais e de conhecimentos. Certamente, os conceitos ou preceitos morais dos alunos atuais, não são os mesmos dos alunos, dessa mesma faixa etária, de décadas atrás. Estes prezavam pelo o respeito e temor (não relacionado com o medo) da profissão de professor, consequência da noção de disciplina e valor moral adquirida na família. Aquino (1998) considera tal problema como uma hipótese explicativa quando afirma:
Uma primeira hipótese de explicação da indisciplina seria a de que "o aluno de hoje em dia é menos respeitador do que o aluno de antes, e que, na verdade, a escola atual teria se tornado muito permissiva, e m comparação ao rigor e à qualidade daquela educação de antigamente"


            De fato, as ações pedagógicas associadas á atitudes docentes, em alguns casos, estão relacionadas com atitude indisciplinar do aluno, no entanto, tal problema é mais complexo e envolve mais grandemente outros fatores sociais, que a influência escolar se torna mínima, comparada com a parcela das outras esferas sociais. Em outros trabalhos que destacam o desempenho do aluno, não só cognitivo, mas nas suas relações sociais, num contexto histórico brasileiro, percebemos que o respeito e princípios morais dos discentes tinham os moldes militares como paradigmas. Esse modelo educativo militar, por outro lado, reprimia qualquer forma de expressão de opiniões subentendidas como contrárias ao regime da época. Isto, de certa forma, não contribuía com uma das principais funções do professor de ser um elemento instigador na formação de opiniões. Outro fator contribuinte com a questão comportamental do aluno de hoje é a modernidade. Os recursos tecnológicos de entretenimento estão muito facilmente acessíveis ao alunado e sua utilização para o enriquecimento de sua cognição é sufocado pela utilização de tecnologias que nem sempre são construíveis, porém, mais atrativas. Este fator está no cotidiano do aluno. Como o ambiente escolar faz parte de seu cotidiano, a dedicação a esses recursos tecnológicos atrativos são inseridos na sala de aula. Podemos perceber, com isso, alguns focos da queixa de alguns professores das escolas atuais: o aluno, seu desinteresse, decorrente da tecnologia a que tem acesso fora da escola; os meios de comunicação, a sua influência negativa; a família, não cumprindo seu papel; a escola, que não apoia o professor; a sociedade, sua (des)organização; e, depois de um certo tempo, chega-se a colocarem questão a própria relação pedagógica (VASCONCELOS, 1998). É preocupante perceber que o aluno atual, comparado com o aluno de décadas atrás, está perdendo o alcance do verdadeiro sentido do estudo na sua formação e amadurecimento. O desafio maior para o professor é desvincular o aluno desses atrativos que o influenciam negativamente, inserindo recursos pedagógicos que despertem mais atenção e estimule a dedicação na busca pelo conhecimento, dentro da escola. Todavia, se apenas a escola tomar atitudes para modificar essa problemática, com certeza, essa mudança se tornará fracamente estruturada e reversível, voltando ao seu estado de desinteresse. A questão da indisciplina se tornou um problema dotado de tanta complexidade, que envolve, além de todos os setores sociais e políticos, diversas áreas de conhecimento como a sociologia, psicologia, filosofia, histórias, entre outras. O que não podemos negar é que a disciplina é um aspecto do processo de educação escolar e que faz parte do processo de desenvolvimento do indivíduo.

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