Conflitos são parte da vida. Simples ou graves, são eles que nos obrigam a rever ou a reafirmar valores e posições. Sem eles, não haveria mudança nem aprendizagem. Por isso, é tão importante compreender sua origem e natureza e saber lidar com eles. Manifestações de violência são outra coisa: não podem ser toleradas e devem ser interrompidas.
Conflitos bem manejados transformam-se em fonte de aprendizagem;conflitos mal administrados podem ter consequências indesejadas.Violências, como a psicológica e a física, entre outras, são manifestações possíveis de conflitos sufocados ou mal manejados.
Escolas em paz, seguras, existem mesmo em uma sociedade violenta; e mesmo em uma sociedade segura pode haver violências nas escolas.
Em uma escola segura, o equilíbrio prevalece, apesar e por causa dos conflitos. Há um equilíbrio, por definição instável, entre necessidades, saberes, culturas diferentes, que dialogam entre si.
A violência é a ruptura desse equilíbrio dialógico. Para criar uma escola em que haja a paz que todos desejam, deve-se intervir criteriosamente em três momentos distintos: de equilíbrio, quando se previne a ruptura; de ruptura do equilíbrio; e de restauração do equilíbrio. Estratégias e instrumentos apropriados a cada um desses momentos devem ser utilizados.
Administrar conflitos e prevenir violências exigem aprender a ouvir, a dialogar, construindo vínculos e alianças entre diferentes dentro da escola (crianças, jovens, professores, funcionários, gestores, famílias) e entre a escola e o mundo lá fora (secretarias, organizações governamentais e não governamentais, universidades, empresas).
Mesmo que não seja possível mudar tudo, sempre dá para mudar pequenas coisas, as quais fazem muita diferença.
Em vez de culpar os outros, é melhor buscar o entendimento e desenvolver ações responsáveis em cooperação com eles.
Dicas de Dinâmicas
A seguir algumas estratégias que poderá recriar e utilizar com grupos, na comunidade escolar, visando possibilitar que todos tomem consciência de suas ideias e seus sentimentos sobre conflito e violência e, com isso, comecem a modificá-los.
Quando um conflito termina bem?Objetivo: ajudar as pessoas a compreender o potencial positivo do conflito, identificando as formas de se lidar com eles para que representem oportunidades de crescimento.
Desenvolvimento:
- Participantes, individualmente, relembram, durante 2 ou 3 minutos, um conflito ocorrido com uma pessoa de suas relações na família ou na escola, o qual tenha terminado bem ou poderia ter terminado bem se... (especificar as condições). Devem escrever, em uma folha de papel, o que aprenderam com esse episódio específico.
- A seguir, em duplas, os participantes contam as histórias dos seus conflitos e o que aprenderam com eles.
- Cada dupla discute e seleciona um comportamento/atitude que foi essencial (ou poderia ter contribuído) para que o conflito tivesse proporcionado aprendizagem e desembocado em mudança positiva nas relações.
- Cada dupla escreve, em uma cartela, o comportamento ou atitude selecionado e afixa a cartela na parede.
- Se você estiver conduzindo a atividade, peça a todos, reunidos em círculo,para que verifiquem as semelhanças e as diferenças entre o queestá escrito nas cartelas. Destaque os comportamentos e as atitudes que o grupo considerou mais importantes para que os conflitos tivessem um resultado positivo.
O clima de nossa escola pode ser melhor (ou ainda melhor)
Objetivo: levantar as ideias presentes no grupo sobre quais as causas primordiais de ruptura de equilíbrio na escola.Desenvolvimento: inicie pedindo às pessoas que, individualmente,lembrem-se de um ambiente de aprendizagem do qual gostaram muito e no qual muito aprenderam. Pode ser uma escola, o local de um curso, de uma conferência ou seminário, de um encontro... Convide-as a, em silêncio, levantar três características desse local. Em seguida:
- Entregue a cada participante ou a cada pequeno grupo de participantes uma folha de papel com três círculos concêntricos desenhados.
- Faça a seguinte pergunta: “O que põe em risco o equilíbrio na nossa escola?” (ou: “O que está desequilibrando a nossa escola?”, “O que a pode tornar (ou a torna) um lugar em que podem ocorrer violências?”).
- Peça que organizem suas respostas dentro dos três círculos: no círculo interno, menor, ficará o fator ou os fatores considerados como sendo os decisivos, os que mais afetam ou podem afetar o equilíbrio da escola; no segundo círculo, intermediário, aquilo que também contribui para colocar em risco o equilíbrio, mas não tanto; e, no círculo maior, os aspectos periféricos que podem ser relacionados aos anteriores.
- Afixe as folhas produzidas pelos indivíduos ou grupos na parede e peça que todos vejam e anotem o que está escrito no centro dos círculos.
- Estimule e oriente o debate sobre as ideias apresentadas. Antes, fica combinado que nenhuma ideia será julgada. Todos deverão fazer perguntas para esclarecer o que o outro, ou o outro grupo, está pensando e perguntar o porquê de ter colocado aquele fator no centro do seu círculo.
FONTE: Conflitos na escola: modos de transformar: dicas para refletir e exemplos de como lidar / Claudia Ceccon ... [ et al.]; apresentação Rubem Alves; ilustrações Claudius Ceccon. – São Paulo: CECIP : Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2009.208 p.: il.
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