Estamos embaixo de uma mangueira robusta, às margens do Rio Mucufi, cidade de Lubango, Huíla, Angola. Já passa das 10 da manhã, os alunos da turma do 3º ciclo estão à espera do professor. Todos sentados, conversando calmamente. Ás 12 horas, o professor ainda não havia chegado, o que preocupou a todos. A professora diretora, traz para os alunos, pratos de plástico azuis com uma colher grande e em cada um dele, ela serve um pacotinho de leite e um pedaço de bolo de milho. Todos comem e agradecem, visto que aquela refeição pode ser a única do dia.
O professor chegar cansado, suado, arranhado e sem nem poder falar. As crianças ficam preocupadas e querem saber.
O professor as reuni novamente abaixo da mangueira e conta como foi sua saga do dia: ir a 200 km da escola para pega os saquinhos de leite que eles usaram na merenda.
Todos ficaram abismados com tal coragem: viajar, pegar 4 transportes, passar 6 horas viajando para trazer o leite. De repente um aluno pergunta:
- Professor, o senhor não deveria estar aqui nos dando aula de Ciências? Não seria a diretora que deveria ter ido pegar os saquinhos de leite, não?
O professor fez cara de feliz e respondeu:
- Queridos, com essa minha ida ao laticínio, terei assunto para nossas aulas de Ciências pelas 2 semanas adiante. Observei toda a cadeia produtiva do leite, os cuidados com as vacas, a alimentação delas, o pasto, os cuidados com a higiene.
Ouvindo a explicação do professor, o mesmo aluno falou:
- Professor, quando o senhor terminar o assunto do leite, que tal o senhor ir a uma fábrica de biscoito?
E todos caíram na gargalhada.
Pois é caro amigo professor, olhe pra si mesmo e pense: tenho a estrutura para dar uma boa aula? Preciso disso para ser um bom professor? Sou limitado? Em que? Procure dentro de si os mecanismos, a força e construa você mesmo, essa estrutura.
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